segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Assembleia Popular debate impactos da mineração no entorno da Serra do Brigadeiro

Assembleia encaminha construção de enfrentamentos às empresas        
           

  Nesta sexta feira, 02, organizações sociais realizaram uma assembléia popular para debater os impactos da mineração de bauxita no entorno da Serra do Brigadeiro. A assembléia ocorreu na comunidade Ancorado, município de Rosário de Limeira, e contou com a participação de 80 pessoas. 

            A região leste do entorno da Serra do Brigadeiro possui uma das maiores reservas de bauxita do país e atualmente tem sofrido uma forte ofensiva por parte da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). A empresa, que pertence ao grupo Votorantim, atua na região já há alguns anos, onde possui minas e uma usina de britagem e lavagem do minério. O projeto da CBA prevê a abertura de novas minas e a construção de um grande complexo de exploração de bauxita na região, pois dele sairá o insumo para abastecer a principal usina de alumina da Votorantim, situada na cidade de Alumínio, em São Paulo.
mina de bauxita
            Durante a assembléia os participantes puderam manifestar suas preocupações com a chegada da empresa na região. Segundo o relato dos presentes a empresa tem agido de má fé, enganando as famílias e aproveitando das demandas da comunidade para persuadir os atingidos.

            A CBA contratou uma ONG, dita ambientalista, para realizar o Cadastro Ambiental Rural (CAR) das famílias na região, mas em troca a empresa solicita que os proprietários assinem um termo de consentimento para a exploração de bauxita em suas terras.

            Outra estratégia da mineradora tem sido a capacitação de professores da rede pública. A empresa oferece um curso de práticas agroecológicas aos professores e os estimulam a divulgar as ações da CBA para os alunos. Esta conduta da mineradora tem causado revolta às comunidades e organizações sociais. “A empresa vem oferecer curso de prática agroecológica para depois destruir tudo com seus projetos? Ela está é tentando ganhar a confiança das crianças e jovens da região, mas dessa maneira é uma afronta, o que ela tem feito é pura enganação!”, bradou José Maria, professor da rede pública.

            Durante a assembléia foram exibidos fotos e vídeos dos impactos da mineração de bauxita, o que despertou muita indignação dos presentes. Segundo o vereador Adair Mendes, a empresa tenta esconder os verdadeiros impactos para as comunidades. “Eles tentam nos enganar, dizem que a exploração de bauxita não causa muitos impactos, mas quando visitamos as regiões já exploradas percebemos que não é do jeito que eles falam”.
Onde a empresa passa, deixa rastros de destruição
                Outro ponto bastante discutido foi sobre a passagem do mineroduto da Ferrous na região. Se não bastassem os impactos da mineração de bauxita, a região de Ancorado também vai ser atingida pelo mineroduto, o que pode acarretar em graves impactos ambientais e na vida da comunidade.
Impactos de mineroduto também gera revolta
            Ao final da assembléia, os presentes encaminharam de que vão se organizar e impedir a implantação de ambos os projetos minerários na região. Uma das orientações foi a de que o Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR) vai realizar o CAR e procurar regularizar as documentações das famílias com demandas.

            A assembléia foi fruto de uma construção conjunta de diversas organizações populares, tais como a CPT, Cáritas, MAM, Campanha Pelas Águas, Rede de Franciscanos, IF Sudeste MG - Campus Muriaé, PACAB, prefeituras, vereadores e sindicatos.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Estudantes planejam lançar Frente Estudantil em Defesa das Águas

Apesar das chuvas no feriado, especialista ainda mantém o alerta!

     A crise hídrica está novamente instalada em Viçosa. Desde fevereiro a Prefeitura declarou “estado de alerta” pela diminuição de chuvas e em julho o SAAE retomou a adoção de racionamento no abastecimento dos bairros da cidade. Na semana passada a UFV também passou a contar com um grupo de trabalho que irá planejar ações que minimizem problemas relacionados ao abastecimento de água.

     No último dia 03, quinta-feira, a Pró Reitoria de Assuntos Comunitários (PCD) convocou uma reunião com diversos grupos estudantis a fim de alertá-los sobre o difícil momento em que Viçosa está passando. Com a presença do professor Rafael Bastos, chefe da Divisão de Água e Esgoto da UFV, os presentes conseguiram entender de forma clara os desafios do problema e o papel dos estudantes como atores fundamentais na adoção de medidas que nos tirem da crise hídrica. Ao final da reunião os presentes se comprometeram a construir uma campanha que incentive práticas e medidas que diminuam o consumo de água no campus.

     Entretanto, os estudantes presentes se indagaram do por que de todo ano nos períodos de estiagem a cidade apresentar o mesmo problema no abastecimento. Para o estudante de biologia, Luiz Paulo Guimarães, o racionamento é uma medida urgente e emergencial, mas que deve vir junto a um plano de ações. “A diminuição no consumo de água é uma medida emergencial, mas insuficiente para resolvermos o problema. Se não adotarmos medidas que garanta a segurança hídrica da cidade em longo prazo, iremos sempre nos depararmos com essa necessidade. O que a UFV e Prefeitura tem feito para evitar a chegada da crise hídrica? Esse é um questionamento que vai nortear o nosso trabalho”, aponta o estudante.

     Já o estudante de ciências sociais e membro da Comissão de Moradores de Alojamentos (CMA), Janailton Soares, destaca como a melhoria das condições de moradia do campus pode contribuir para diminuição do consumo de água. “Os moradores dos alojamentos estão super dispostos a cooperar com a campanha, construiremos ela com gosto! Mas não se pode olhar para o alojamento somente quando a crise está instalada, temos muitas propostas para melhoria dos alojamentos que poderiam contribuir na resolução do problema”, afirma convicto de que há soluções possíveis.

     Os estudantes denominaram a articulação em torno do tema como Frente Estudantil em Defesa das Águas. O objetivo da Frente é contribuir com a UFV, Prefeitura e toda a comunidade para superação da crise e construção de medidas que garantam a segurança hídrica em longo prazo. A próxima reunião está agendada para terça-feira, 12:45, no porão do Centro de Vivência da UFV e é aberta a todos os estudantes que queiram participar.      

terça-feira, 28 de abril de 2015

Nota de solidariedade ao Metabase Inconfidentes


Campanha Pelas Águas e Contra Mineroduto da Ferrous
28/04/15
A Campanha Pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous, organização que articula entidades e comunidades atingidas pelo projeto de implantação do mineroduto, vem a público manifestar seu apoio aos trabalhadores e trabalhadoras organizadas no Metabase Inconfidentes, que neste momento se encontram em greve devido à tentativa de violação de direitos por parte da Ferrous Resources S.A.

A Campanha Pelas Águas há anos se organiza construindo lutas para resistir e enfrentar a construção do mineroduto da Ferrous em Minas Gerais. A Ferrous, empresa de capital estritamente estrangeiro, possui como prática rotineira a sistemática violação de direitos das comunidades atingidas por seus empreendimentos. Utiliza de forma truculenta seu poderio econômico e político para coagir, reprimir e enganar as famílias, poder público e entidades para implantar os projetos e enviar os lucros aos seus acionistas.

Como se não bastasse, neste momento, a mineradora Ferrous pleiteia precarizar as condições de trabalho de seus funcionários, reduzindo direitos trabalhistas conquistados pela luta sindical.

Por isso, reiteramos nossa total solidariedade à luta dos trabalhadores organizados no Metabase Inconfidentes, cientes de que só a luta é capaz de resistir às ofensivas do capital aos direitos da classe trabalhadora.

“Por um país soberano e sério,

contra o saque dos nossos minérios!”

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Ato Popular em Defesa das Águas denuncia especulação imobiliária e mineroduto

Neste sábado, (25), cerca de 100 pessoas compareceram ao ato popular em defesa das águas, realizado pelos grupos de reflexão das Paróquias de Viçosa, Campanha Pelas Águas, NACAB, MAB e Levante Popular da Juventude. O ato popular faz parte da programação da Semana em Defesa das Águas e seria realizado no dia 21 de março, mas devido à chuva, o evento foi adiado para 25 de abril. Os organizadores só não esperavam é que chovesse também nesta data, mas não deu outra, a chuva caiu durante a passeata. Apesar da chuva, a convicção dos manifestantes fez com que seus ânimos não fossem abalados e o ato prosseguiu ovacionando a queda da água até a Praça Silviano Brandão.

Debaixo de chuva, os manifestantes lutavam contra os projetos de morte
Entusiasmo com a chegada da chuva
  O ato popular foi realizado pela manhã, partindo da feira de produtores com muita animação, cartazes, faixas e gritos de ordem. Durante a passeata os manifestantes distribuíram panfletos e dialogaram com a população alertando sobre os impactos no abastecimento público da especulação imobiliária e a instalação do mineroduto da Ferrous em  Viçosa. O ato contou com o apoio e agito do grupo de maracatu O Bloco e, também, com a apresentação do rapper MC Soldado cantando o “Rap Pelas Águas”.
MC Soldado mandando Rap Pelas Águas

O Bloco, sacudiu a avenida em defesa das águas com o maracatu
                Durante a manifestação algumas intervenções marcaram o tom do ato popular. Rosilene Pires, da coordenação da Campanha Pelas Águas ressaltou a insustentabilidade do modelo de mineração em Minas Gerais. “O Estado ainda insiste em um modelo de mineração que só beneficia as grandes mineradoras, nossos minérios são saqueados e nossas serras, águas e comunidades destruídos; com os minerodutos fica bem claro, nossos minérios vão das minas até os portos, tirando a água do povo mineiro para maximizar os lucros das empresas!”, Rosilene ainda lembrou que o código da mineração está em tramitação na Câmara Federal e que, se aprovado da forma como está, a permissividade às mineradoras será ainda maior.


                O mineroduto da Ferrous não foi o único tema de preocupação dos manifestantes, a irresponsabilidade das construtoras e imobiliárias em Viçosa alerta os especialistas. O Professor da UFV, Rafael Bastos, especialista em abastecimento público, chamou a atenção que esta discussão entre o conflito de construtoras e água é antiga na cidade. “Participando da manifestação de hoje me lembro do movimento SOS São Bartolomeu, construído na década de 90, e percebo que mesmo com todo o clamor da população, com a evidente falta de água, o setor imobiliário age a cada dia de forma mais irresponsável, e o poder público, infelizmente, quando não é condescendente com as construtoras, atua de maneira ainda insuficiente”, Rafael ainda reforçou a necessidade da adoção de medidas de conservação na bacia do São Bartolomeu para assegurar um abastecimento sadio e pleno à população viçosense.
Prof. Rafael Bastos chama a atenção da petulância e irresponsabilidade do setor imobiliário
                Ao passar em frente à Prefeitura, Frederico, liderança comunitária do Bairro Silvestre, reivindicou a efetivação do Monumento Natural da Cachoeira do Silvestre. “Criaram o Monumento, mas depois de criação nada mais se fez, hoje a cachoeira está largada e sendo utilizada para fins inapropriados, queremos que a Prefeitura efetive o parque da cachoeira, pois é um monumento natural e um potencial ponto de lazer da cidade”, reivindicou Frederico.

"Queremos nossa cachoeira funcionando plenamente""
                A reforma política também foi reivindicada pelos manifestantes. No momento em que a manifestação passou em frente à Câmara Municipal, Iara Cássia, do Coletivo de Mulheres e militante da Consulta Popular, denunciou como vereadores agem como servidores da especulação imobiliária. “Muitos projetos foram aprovados nessa casa legislativa para atender unicamente os interesses do setor imobiliário, podemos citar a urbanização do trecho que permitiu a construção do Eco Life no Acamari, a urbanização dos Cristais e a quase urbanização do Paraiso, todos estes projetos só servem às construtoras e vão trazer danos ao abastecimento de água”, Iara ainda denunciou que o financiamento de campanha eleitoral pelas empresas imobiliárias decide para quem vai servir os mandatos dos parlamentares, “o financiamento de campanha pelas empresas é o que incentiva a corrupção na política, ao invés de pensar leis para o povo, ficam fazendo leis para atender seus financiadores!” denuncia.
"Somente com uma Constituinte Exclusiva e Soberana conseguiremos mudar nosso sistema político"
                Outa intervenção que chamou a atenção foi quando a manifestação cruzou a esquina da Av. Marechal Castelo Branco. Os manifestantes envolveram a placa da avenida com um cartaz escrito “Av. Frei Tito” e denunciaram a nomeação de ruas por representantes do regime militar. O militante do Levante Popular da Juventude, Zeonyr Barbosa, incentivou a todos a descomemorar os 50 anos da empresa Rede Globo, celebrada no dia 26 de abril. “A família Marinho se enriqueceu extraordinariamente durante a ditadura financiada pelos Estados Unidos, a realidade é dura, a Globo apoiou a ditadura, e hoje serve como principal instrumento para alienar o povo trabalhador!”.
O povo não é bobo! Abaixo a Rede Globo!
Av. Marechal Castelo Branco, recebe sua nova nomeação
                O ato popular em defesa das águas foi encerrado na Praça Silviano Brandão com uma grande roda e o comprometimento de todos de que continuarão na luta para defender a vida contra os projetos de privatização da natureza e exploradores do povo brasileiro.  

"É preciso resistir e lutar a favor da vida!"



Ato Popular movimenta Calçadão
Equipe de Clowns agitou o Ato Popular

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Campanha Pelas Águas e UFV se unem para impedir mineroduto

Reitora da UFV sela aliança contra Ferrous

No dia 16 de abril, quinta-feira, a reitora da UFV, Nilda de Fátima Soares, recebeu em sua sala a coordenação da Campanha Pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous, o DCE e o vereador Idelmino Ronivon, presidente da Comissão Parlamentar de Enfrentamento ao Mineroduto.

O objetivo da reunião foi traçar estratégias conjuntas para impedir que o mineroduto da Ferrous seja instalado no município de Viçosa. O Conselho Universitário da UFV (CONSU) decidiu em sua última reunião o posicionamento contrário à passagem do mineroduto nos mananciais que abastecem a instituição. O posicionamento foi subsidiado por um relatório elaborado por uma comissão especial instaurada pelo CONSU. Em sua elaboração, a comissão realizou um seminário institucional e analisou os pareceres e perícias do SAAE, Divisão de Água e Esgoto da UFV, Centro de Apoio Técnico do Ministério Público Estadual, Conselho Municipal de Defesa e Conservação de Meio Ambiente (CODEMA), moção da Câmara Municipal, Relatório técnico da Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB) e o posicionamento da Prefeitura Municipal, todos com posicionamentos contrários a passagem do mineroduto nos mananciais que abastecem Viçosa.

Durante a reunião os membros da Campanha Pelas Águas salientaram a importância do posicionamento. “A partir do momento em que o CONSU entendeu que o mineroduto vai causar prejuízos à instituição, é preciso tomar medidas para que o parecer da comissão seja efetivado, ou seja, precisamos agir para evitar este retrocesso e impedir essa grande injustiça social e ambiental” destaca o membro da Campanha Luiz Paulo Guimarães.

Para Nilda, a decisão do CONSU foi muito sábia e demonstra a seriedade e compromisso da Instituição com as demandas da cidade. A reitora salientou que todas as entidades do poder municipal e Ministério Público foram notificadas.

Durante a reunião os presentes encaminharam a solicitação de apoio do Ministério de Educação (MEC) para este impasse, visto que se a Ferrous obtiver as licenças ambientais o funcionamento da UFV vai ser comprometido. A reitora se comprometeu também a notificar o Governo de Minas, através de suas secretarias, o IBAMA e a Procuradoria da República em Viçosa.   

Para o vereador Idelmino Ronivon, somente as notificações podem não ser suficientes. “Temos de manter a vigilância, se as notificações e os documentos técnicos não forem suficientes para o entendimento da Ferrous e do IBAMA, será preciso repensar e ousar em novas estratégias” analisa o presidente da comissão parlamentar de enfrentamento ao mineroduto.


Ao final da reunião, a Campanha Pelas Águas presenteou a reitora Nilda com uma camisa do movimento e ambos assumiram o compromisso de manter contato até que a questão seja solucionada.

terça-feira, 31 de março de 2015

Conselho Universitário vota contra passagem do mineroduto da Ferrous

Conselho Universitário vota contra passagem do mineroduto da Ferrous

31/03/2015
A UFV assumiu uma posição contrária à passagem do mineroduto da Ferrous tanto na estação experimental de Coimbra (MG) quanto na bacia do Ribeirão São Bartolomeu. A decisão foi tomada, por unanimidade, na última reunião do Conselho Universitário (Consu), realizada na sexta-feira (27). A reitora Nilda de Fátima Ferreira Soares, que presidiu a reunião, declarou que a posição da Universidade foi embasada no parecer da Comissão Técnica responsável por discutir a instalação do mineroduto.
Dentre as ações da comissão, presidida pelo professor do Departamento de Educação Felipe Nogueira Bello Simas, foi realizado um seminário, no dia 18 de novembro de 2014, sobre os impactos da instalação do mineroduto da empresa Ferrous em Viçosa. O evento contou com palestras, seguidas de espaços para debates. Na ocasião, o professor Felipe Simas apresentou um histórico do processo do empreendimento – que acontece desde 2009 – e explicou como um sistema de tubulações é instalado para transportar minérios a longas distâncias, além dos impactos que ele traz para o ambiente. De acordo com ele, em Viçosa, o mineroduto da Ferrous ocuparia um trajeto de 13,3 quilômetros, divididos em 91 propriedades rurais e interferiria em nascentes dos rios Turvo Limpo e Turvo Sujo e do ribeirão São Bartolomeu. No campus Viçosa, o empreendimento poderia prejudicar o abastecimento de água e as atividades de uma área experimental do Departamento de Fitotecnia em Coimbra (MG) e interromperia pesquisas que estão em andamento na área experimental desde a década de 1980.
Órgãos como a prefeitura, a Câmara Municipal e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa (Saae) já haviam avaliado o projeto do mineroduto e indicaram que os estudos de impacto ambiental apresentados pela Ferrous são insuficientes e possuem erros. 

(Coordenadoria de Comunicação Social)

segunda-feira, 23 de março de 2015

Ervália diz não ao mineroduto da Ferrous

No dia 21 de março, a Campanha Pelas Águas realizou um grande ato público para denunciar os impactos do mineroduto da Ferrous no município de Ervalia. A atividade aconteceu na parte da tarde e contou com ampla participação das comunidades rurais atingidas.
Cartazes chamaram a atenção da necessidade de se organizar para transformar!

A criançada tomou conta do ato e guiou toda a manifestação
Onda azul tomou as ruas de Ervália


Com muita animação




A atividade fez parte da programação da Semana em Defesa das Águas realizada pelos grupos de reflexão e organizações sociais da região. O ato denunciou também os projetos que tem avançado no território de Ervália, como a mineração de bauxita que, segundo as comunidades vai trazer problemas ao município.

Segundo Antonio Carlos, conhecido como Toninho, o mineroduto vai prejudicar os mananciais da cidade. “O mineroduto da Ferrous pretende chegar em Ervália pela comunidade de Vargem Alegre cortando um grande morro. Em seguida ele atravessa nascentes e o próprio córrego Vargem Alegre, um dos mananciais da cidade. Além disso o mineroduto também atinge o Rio dos Bagres, outro manancial do município. Ele vai atingir também várias córregos e nascentes que formam a Cachoeira da Usina, importante ponto turístico e lazer da região, vamos acabar perdendo nossa cachoeira se ele passar!” denuncia o agricultor.

A preocupação não se limita às comunidades rurais, mas também assusta os moradores do centro urbano. O casal Jose Nelson e Maria Eloisa está preocupado com os impactos sociais que vão surgir na cidade. “Sabemos que com essas grandes obras são contratados mão de obra externa, empresa terceirizada especializada, e que é comum aumentar a violência, o uso de drogas e prostituição. Estamos na rua hoje, pois acreditamos que o campo e a cidade devem lutar juntos por uma cidade melhor, não queremos retroceder, ainda mais com um empreendimento que só beneficia a Ferrous, empresa multinacional” indagou Maria Eloisa.


O ato percorreu toda a cidade exibindo faixas, cartazes e muitos gritos de animação. Ao longo do trajeto os manifestantes entregaram panfletos e conversaram com a população.    


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

E aí Governador, é Água ou Mineroduto?


Luiz Paulo Guimarães de Siqueira*
29/01/2015

Minas Gerais enfrenta talvez a pior crise hídrica de sua história. Em pleno janeiro, período normalmente chuvoso e com abundância de água, o estado registra que cerca de 140 municípios já adotaram medidas de restrição e limitação no fornecimento de água.

Sem dúvida, esta situação não surge fortuitamente, mas sim, reflexo de uma longa trajetória de ausência de planejamento público por parte do Estado e, também, fruto de gestões marcadas por deixar Minas, literalmente, em choque.

A grave situação de falta d’água está mais intensa na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Se, por um lado, se constitui como a região de maior adensamento populacional, por outro, a RMBH juntamente com o Colar Metropolitano se configuram como a região de maior intensidade das atividades minerárias no estado.

De acordo com o 2º Relatório de Gestão e Situação dos Recursos Hídricos de Minas Gerais, publicado pelo IGAM em janeiro de 2015, a mineração foi o quinto setor que mais obteve outorgas para uso de água em 2013. Mas, somente analisar o número de usos outorgados podem nos levar a uma interpretação equivocada sobre quem são os atores que mais consomem água em MG. Pois não podemos deixar de levar em conta que há uma significativa diferença entre o volume de água outorgado para atender o consumo humano, por exemplo,do que o volume utilizado para atender a exploração mineral.

Neste contexto, chama a atenção, a petulância das grandes corporações da mineração de optarem pela utilização de minerodutos para exportar nossos minérios. Para quem não conhece, minerodutos são grandes tubulações que transportam minério diluído em volumosas quantidades de água, formando uma polpa de minério, semelhante à borra de café, sabe?

Como o minério precisa ser diluído e bombeado por água, os minerodutos precisam manter a pressão para conduzir o minério. E é por isso, que para além do alto consumo de água para a formação da polpa do minério, os minerodutos inerentemente causam diversos impactos ambientais. Pois para manter a pressão do bombeamento, os dutos têm de desviar dos morros, percorrendo dessa maneira os vales, que são as regiões onde estão concentrados os cursos d’água, brejos, nascentes, as melhores áreas de plantio e moradia.

Em Minas, há hoje diversos minerodutos de pequeno porte, como o caso do projeto da MMX em São Joaquim de Bicas, que provocou grandes transtornos na região destruindo nascentes e prejudicando produtores rurais e o abastecimento de água. Mas há, também, minerodutos de grande porte, que levam os minérios da mina até o litoral, onde são exportados através dos portos. No caso dos grandes minerodutos, o estado conta atualmente com 8 projetos, 4 já em operação e mais 4 que pleiteiam as licenças ambientais. Sobre estes, vamos tentar entender como funcionam e o quanto de água estão tirando dos mineiros.

A Vale/Samarco possuem 3 minerodutos ligando a Mina Alegria, em Mariana, até o porto de Ubú no Espirito Santo. Depois de anos destruindo os mananciais de Mariana e Ouro Preto, essas mineradoras não tiveram alternativa a não ser captar água instalando uma adutora para utilizar 82% do potencial hídrico do Rio Conceição no distrito de Brumal, em Santa Bárbara. Moradores da região alegam que na época de estiagem o rio termina, literalmente, no ponto de captação para o duto. São utilizados para a funcionamento dos 3 minerodutos cerca de 4.400m³/hora. Não se pode esquecer que em 2010, um dos minerodutos da Samarco/Vale rompeu no município de Espera Feliz causando um grande desastre ambiental jorrando lamas de minérios, inviabilizando o abastecimento público da cidade e ocasionando a mortandade de toda biodiversidade afetada.

A multinacional Anglo American se orgulha em dizer que é dona do maior mineroduto do mundo. Com cerca de 525 km, o projeto Minas-Rio parte de Conceição do Mato Dentro até o Porto de Açu em São João da Barra (RJ). A mineradora capta 2.500m³/hora da região e desde sua chegada tem causado grandes transtornos e prejuízos às comunidades no entorno. Tem o orgulho de dizer que o processo de licenciamento ambiental do projeto possui 364 condicionantes e que, diga-se de passagem, sem quase nenhum cumprimento. Ao iniciar a operação do mineroduto em 2014, foram visíveis as consequências no ambiente, com drásticos assoreamentos dos córregos, mortandade de peixes, de gado e a inviabilização do uso social da água na região.

A Ferrous Resources, empresa de capital estritamente estrangeiro, pleiteia a instalação de um mineroduto partindo de Congonhas até um porto em Presidente Kennedy (ES). Inicialmente, seu projeto era de partir de Brumadinho, através da exploração da Serra da Moeda, também conhecida como Monumento Natural Mãe D’água, mas graças à forte resistência das comunidades quilombolas e do Abraço da Serra da Moeda a mineradora foi obrigada a ajustar seu projeto. A Ferrous, que em seu projeto alega a intenção de possuir dois dutos, vai captar 3.400m³/hora do Rio Paraopeba, manancial fundamental para o abastecimento da RMBH. Em seu processo de negociação com as famílias atingidas a mineradora possui um legado de sistemáticas violações de direitos humanos, sendo alvo, por exemplo, de representações do Ministério Público Federal. Além disso, o mineroduto ameaça a segurança hídrica de milhares de comunidades rurais e cidades inteiras como é o caso de Viçosa e Conselheiro Lafaiete. As prefeituras de Paula Cândido e Viçosa, assim como as Câmaras Municipais, estão empenhadas para impedir o retrocesso que representa a passagem do mineroduto na região, ajuizando inclusive ações judiciais contra a mineradora.

A Manabi, que pretende instalar uma mega-mina em Morro do Pilar, também pleiteia a instalação de um mineroduto para transportar o minério de ferro. Marcado por grandes tensões, o processo de licenciamento ambiental do empreendimento tem sido feito na marra, causando muita polêmica. Entre os vários motivos destacam-se a iminência de destruição de fragmentos de mata atlântica primária, a negligência da existência de comunidades tradicionais e destruição de trechos do patrimônio histórico e cultural da Estrada Real. A Manabi pretende captar cerca de 2.850m³/hora, degradando ainda mais a bacia do Rio Santo Antônio já tão afetada por grandes empreendimentos. Em 2014, a Prefeitura de Açucena revogou as autorizações concedidas à mineradora após a compreensão que somente destruições o empreendimento deixaria à cidade.

O povo do semiárido mineiro parecia a salvo destes tipos de empreendimentos, pois a região apresenta sérias dificuldades de acesso à água e se já não bastasse a árdua luta dos geraizeiros e comunidades tradicionais contra as eucalipteiras que, sem nenhum pudor, tratam de grilar grandes terras no Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas. Mas as mineradoras não ligam muito para a dificuldade de abastecimento do povo não. A Sul Americana Metais (SAM), do grupo Votorantim, pretende explorar 25 milhões de toneladas de minério de ferro por ano no município de Grão Mogol. E por incrível que pareça, a ousadia da mineradora não tem limites, pretende escoar o minério através de um mineroduto. Serão captados da região 6.200m³/hora para viabilizar o empreendimento. Lamentavelmente, o IBAMA é condescendente com esse crime e tem conduzido de forma arbitrária o licenciamento chegando a marcar audiências para fevereiro de 2015, em um gesto de que planeja licenciar o mineroduto às pressas. O Ministério Púbico Estadual e laudos de pesquisadores da UFMG e UNIMONTES denunciam o não reconhecimento de comunidades tradicionais no processo e a inviabilidade de se instalar um empreendimento desta natureza em um local onde, simplesmente, não há água.

Se somarmos os volumes de água utilizados por estes projetos chegaremos ao escandaloso valor de 19,350m³/hora. De acordo com o diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, o consumo médio per capita de água, em Minas Gerais, é de 159 litros por dia. Ou seja, o valor consumido por estes projetos minerários equivale ao abastecimento de cerca de 2,900 milhões de mineiros ou, o suficiente para atender a demanda de quase 50% da RMBH.

Quando se pergunta às mineradoras do por que de se optar pelo transporte via minerodutos, a resposta, obviamente, é meramente e exclusivamente econômica. Segundo dados das próprias empresas, o custo operacional para se transportar minério de ferro via ferrovia é, em média, de 18,00 US$/ton, já por minerodutos, a média é de 2,00 US$/ton. Ou seja, a implantação de minerodutos nada mais é que uma estratégia de maximizar o lucro dos acionistas destas grandes corporações. Quem ficar sem água no caminho que se vire...

Os minerodutos possuem algo em comum. Além de todos os projetos possuírem inquéritos instaurados no Ministério Público, ambos estão sendo licenciados pelo IBAMA, mas contaram e ainda tem contado até o momento com o apoio do Governo do Estado. Uma das características do choque de gestão foi utilizar todo o aparato da máquina pública para beneficiar, à revelia da legislação ambiental, os empreendimentos minerários privados. Os Governos do PSDB (Aécio Neves 2003 – 2010 e Antônio Anastasia 2011 – 2014) assinaram decretos que declaram de utilidade pública as implantações dos minerodutos para fins de desapropriação e, ainda, colocam a serviço das mineradoras a empresa estatal CODEMIG para realizar o serviço sujo. Os decretos, assim como a emissão das outorgas para uso de água emitido pelo IGAM, foram assinados antes mesmo da concretização dos processos de licenciamento ambiental, ou seja, sem saber se há a viabilidade ambiental e técnica dos empreendimentos, o Estado tratou de reconhecê-los como fatos consumados.

Ao longo de dois anos, a Comissão Extraordinária das Águas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou um importante e valioso trabalho sobre a questão hídrica no estado. Em seu relatório e a partir das audiências públicas realizadas, ficou nítido a compreensão e o posicionamento categórico da Comissão em relação aos minerodutos, pois estes representam graves retrocessos na politica estadual de recursos hídricos e devem ser contundentemente impedidos.

Com a demarcação das áreas denominadas “faixa de servidão para mineroduto”, milhares de pessoas estão com sua soberania ameaçada e seus projetos de vida em risco. Em todas as regiões do estado onde estas mineradoras projetam a implantação destes empreendimentos têm encontrado forte contestação e resistência popular. O que é natural, visto que as comunidades não são envolvidas nos processos de escolha e não possuem o menor controle sob suas riquezas minerais. O atual modelo de mineração adotado pelo Estado Brasileiro não tem nada a oferecer ao Brasil, a não ser um rastro de miséria e destruição social e ambiental ao povo brasileiro.
  
Governador Fernando Pimentel, o senhor foi eleito sob o lema “ouvir para governar”, e muitos dos que estão sofrendo com as mazelas da mineração em Minas creditaram e acreditaram neste lema ajudando a eleger este novo Governo. O povo mineiro já fez a sua opção, não quer assistir às suas águas, casas, nascentes, plantações, culturas, memórias, suor, comunidades e minérios entrando pelo cano; queremos sim, o quanto antes, nos livrarmos destes projetos que nada tem a nos oferecer e empenharmos conjuntamente para garantir a segurança hídrica do estado e isto, significa, definitivamente, enterrarmos de vez esta infeliz ideia de mineroduto.


*Membro da Coordenação da Campanha Pelas e Contra o Mineroduto da Ferrous e militante do Movimento Pela Soberania Popular Frente à Mineração (MAM)