terça-feira, 9 de outubro de 2012

Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB) elabora relatório dos impactos socioambientais do mineroduto da Ferrous na Microrregião de Viçosa


No primeiro semestre de 2012 o Grupo de Trabalho (GT) em Ambiente da AGB Viçosa se concentrou em levantar informações através de atividades de campo e de leitura de documentos para produzir um relatório como forma de denúncia que levantasse os diversos impactos que a microregião de Viçosa passaria com o projeto do mineroduto da Ferrous Resources sendo efetivado.

O mineroduto com mais de 400 quilômetros de extensão, ligará o complexo da Mina Viga em Congonhas-MG ao terminal portuário (ainda em licenciamento) no município de Presidente Kennedy, no Espírito Santo. Atualmente no estado temos 4 minerodutos: 3 da Samarco que sai de Mariana com destino a Anchieta/ES e um em construção, porém embargado, da Anglo Americam que sai de Conceição do Mato Dentro com destino ao litoral de São João da Barra/RJ.

Em Viçosa cinco localidades serão impactadas: Palmital, Machado, Juquinha de Paula, Vila Nova Paraíso e Córrego do Engenho. Ou seja, as localidades afetadas serão justamente onde localizam-se os principais rios tributários do Ribeirão São Bartolomeu.

O mineroduto chegará a Viçosa pelo município de Paula Cândido, percorrendo 15 km no território viçosense e segue em direção ao município de Coimbra. Há a previsão de dezenas de desapropriações e impacto nos mananciais da cidade, gerando danos diretos ao berçário de nascentes do rio São Bartolomeu nos bairros do Palmital, Paraíso e Córrego do Engenho e comprometendo assim a provisão de água no município, além dos danos referentes ao próprio ecossistema local.

Segundo os dados do EIA/RIMA da Ferrous existem quatro nascentes na área em si do mineroduto e mais 26 na faixa de servidão, computando um total de 30 nascentes. Porém o mapeamento realizado pela AGB identificou a presença de 30 nascentes situadas na bacia do São Bartolomeu (localizadas na área de servidão do empreendimento). Se considerarmos todas as nascentes impactadas dentro do município de Viçosa, provavelmente este número irá dobrar ou até triplicar. Haja vista que o EIA/RIMA estima 30 nascentes para todo o município, e este trabalho mapeou 30 apenas na bacia do São Bartolomeu sendo estas diferentes das mapeadas pela empresa. Além disso, este número tende a aumentar devido às prováveis limitações e negligências do não mapeamento de diversas nascentes nos arredores das áreas de “bota fora”.

Mapa de localização das nascentes contidas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) que serão afetadas pelo mineroduto da Ferrous

Mapa comparativo das nascentes levantadas pela Ferrous e das levantadas pela AGB

Em diversas conversas com moradores de Coimbra, Ervália e Viçosa, foi relatado que eles nunca viram nenhum representante da empresa fazendo o trabalho de levantamento dos cursos d’água nas localidades, muito menos foram contatados para saber das nascentes em suas propriedades que serão atingidas. Além disso, a questão da indenização não tem sido satisfatória e justa para diversos moradores atingidos, como fora denunciado durante a audiência pública do Ministério Público realizada em junho no bairro Paraíso. 


Assim, diante deste cenário, a AGB argumenta a partir desse relatório, que esse empreendimento é inviável na microrregião de Viçosa, devido ao risco que o mesmo traz com relação ao abastecimento hídrico local e ao processo de ferimento dos direitos humanos dos moradores afetados. O Ministério Público Federal (MPF) está entrando com uma Ação Civil Pública para embargar o projeto diante de inúmeras irregularidades que estão sendo denunciadas por várias entidades e pelos próprios moradores atingidos.

Para consultar o “Relatório sobre os Impactos Socioambientais do Mineroduto da Ferrous Resources na microrregião de Viçosa-Mg” na íntegra consultar o sítio:

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